O IRB (Re) Seguros (IRBR3) chamou a atenção de investidores e analistas após uma mudança relevante de visão do JPMorgan, um dos maiores bancos do mundo. A instituição elevou sua recomendação para as ações da companhia de venda (underweight) para compra (overweight), o que provocou uma forte reação do mercado.
No pregão mais recente, os papéis do IRB registraram alta de 10,20%, encerrando o dia cotados a R$ 52,72, figurando entre as maiores valorizações da B3. Mais do que o movimento de curto prazo, o banco passou a classificar o IRB como seu nome preferido no setor de seguros e resseguros.
JPMorgan vê espaço para reprecificação das ações do IRB
Mesmo com a alta recente, o JPMorgan avalia que as ações do IRB ainda não refletem totalmente seus fundamentos. No acumulado do ano, o papel sobe cerca de 13%, desempenho inferior ao Ibovespa, que avança aproximadamente 31%, e ao MSCI Financials Brasil, com alta próxima de 47%.
Segundo o banco, essa diferença de performance abriu espaço para uma reprecificação relevante, especialmente considerando que outras empresas do setor financeiro já negociam com múltiplos considerados esticados.
Avaliação atrativa e crescimento de lucros no radar
Do ponto de vista fundamentalista, o IRB apresenta métricas consideradas competitivas. A ação negocia atualmente a:
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5,5 vezes o lucro (P/L) em base caixa
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1,3 vez o P/VPA ajustado, excluindo créditos fiscais
Além disso, o JPMorgan projeta um crescimento médio anual de lucros (CAGR) de 16% entre 2025 e 2027, combinado com um Retorno sobre o Patrimônio Tangível (RoTE) estimado entre 23% e 24%.
Esses números indicam uma empresa com alta rentabilidade e disciplina de capital, fatores essenciais para geração de valor no longo prazo.
Dividendos elevados sustentam a tese de compra
O ponto central da recomendação do JPMorgan está na capacidade do IRB de pagar dividendos robustos, mesmo em um cenário de crescimento moderado da receita.
Segundo o banco, os acionistas devem ser beneficiados por:
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Forte geração de capital excedente
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Uso relevante de créditos tributários
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Índice de solvência confortável, projetado acima de 260% em 2025
Projeções de dividendos chamam atenção
As estimativas indicam um ciclo expressivo de remuneração ao acionista:
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2026: payout de 50% | dividend yield aproximado de 8%
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2027: payout de 75% | dividend yield de 13%
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2028: payout de 90% | dividend yield de 18%
Onde estão os riscos para o investidor
Apesar do viés positivo, o relatório do JPMorgan destaca que o principal risco segue sendo a queda dos prêmios emitidos. Em 2025, os prêmios do IRB recuaram cerca de 10%, principalmente pela perda de participação em segmentos como vida e aviação.
Excluindo o segmento de vida, a retração teria sido mais limitada, próxima de 2%, o que sugere um impacto concentrado e não generalizado.
A expectativa do banco é de:
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Queda de 11% em 2025
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Retomada de crescimento de 5% em 2026
Ainda assim, fatores como desempenho do agronegócio brasileiro e condições do mercado global de resseguros podem influenciar essa trajetória.

Reforma tributária pode destravar valor no médio prazo
Outro catalisador relevante é o ambiente regulatório. O JPMorgan destaca que a reforma do IVA, em discussão para 2026, prevê a eliminação do imposto sobre a receita de resseguro.
Caso confirmada, a mudança pode gerar um impacto positivo estimado entre 10% e 20% no lucro por ação (EPS) a partir de 2027, fortalecendo ainda mais a tese de valorização.
Menor dependência de juros e cenário político
Diferentemente de outras ações do setor financeiro, a avaliação do JPMorgan indica que o IRB é menos dependente de juros ou cenário eleitoral. Cerca de 90% do lucro antes dos impostos estimado para 2026 deve vir da operação principal da companhia.
O portfólio local do IRB tem apresentado rendimento próximo de 12,2% em 2025, e a expectativa é que a Selic média não se afaste muito desse patamar no curto prazo.
O que muda para quem já investe ou está avaliando IRBR3
Com a elevação da recomendação e a revisão do preço-alvo para R$ 64 até o final de 2026, o JPMorgan estima um potencial de valorização de cerca de 33%, além de dividendos relevantes ao longo do período.
Para o investidor, a tese deixa de ser baseada apenas em recuperação e passa a estar centrada em:
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Geração consistente de caixa
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Dividendos elevados
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Disciplina de capital e fundamentos sólidos
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Conclusão
A mudança de recomendação do JPMorgan marca um novo momento para o IRB. Mesmo com desafios no crescimento dos prêmios, a combinação de rentabilidade elevada, capital excedente e dividendos crescentes sustenta a visão positiva do banco.
Para investidores que buscam renda, fundamentos e potencial de valorização, o IRB volta ao radar em um ponto estratégico do ciclo.

